Todas as minhas dimensões representam um elemento...

Enquanto tenho pensamentos sem sentido, vou vagueando nas minhas infinitas dimensões cerebrais para encontrar uma que me saiba dar mais aconchego psicológico.
Até agora, todas me mostraram o mesmo : escuro, opaco, coisas sóbrias e frias... a realidade.
Continuo a vaguear sem orientação ou mapa algum, e encontro uma dimensão que me fala... igual a todas as outras, com as mesmas características... mas, falava... tinha um dom qualquer que me cativava.
Nessa atmosfera ouvi :
- Aproxima-te, aqui sentires-te-ás segura, sem teres de usar essa tua carapaça tão rija e fria que toda a gente vê e não entende...
Assim o fiz, aproximei-me aos poucos, com dúvidas e receio daquelas vozes a entoar-me em eco nos tímpanos...
- Não tenhas medo - diziam as vozes - anda...
Até que cheguei ao centro da escuridão e senti um arrepio a subir-me pela espinha acima, como se tivesse sentido a morte no seu puro e frio estado a subir-me ás cavalitas...
- Mas... quem és tu ? - perguntava eu com um tom nervoso nas cordas vocais - p...porque...porque que me queres tu aqui ?
- Porque aqui, sabes o que realmente és e o que realmente queres.
- Mas, como é que sabes tudo isso a meu respeito... ?
Por momentos apenas ouvi um vazio arrepiante a circular em correrias histéricas à minha volta... até que fechei os olhos e ouvi :
- Sou algo que nunca te deixou e te aquece desde o teu primeiro desgosto nesta caminhada temporal.
- Consciência ?! - disse-lhe eu já com lágrimas incessáveis a sairem-me pelos olhos num desespero de morte.
- Não, Bélinha... sou o teu coração, não procures na consciência, quando estiveres no estado em que estás, procura-me, e eu digo-te o que é o mais correto.
- Mas como?! - perguntava eu com nervosismo extremo a saltar-me por todos os poros da minha pele - como, se sempre me enganas-te ?
- Eu nunca te enganei... apenas tudo o que nos rodeou, usou-nos e calcou-nos...
Eu, já a soluçar, quase a desmaiar com falta de ar, perguntei :
- Mas, era suposto protegeres-me... por...
- Bélinha - suspirou - e protejo-te...
- Mas como...
- Protegi-te, porque nem toda a gente usa o coração como tu e para poderes ser a mulher em que te tornas-te e és hoje.
Nisto, desmaiei e ouvi um eco doce e delicado percorrer-me desde o rosto ao interior do meu ouvido :
- Sonha minha pequenina, descansa que amanhã é outro dia, mulher da minha vida.
-Lendária